Novidades em inclusão e diversidade

Novidades em inclusão e diversidade

Relatórios recentes indicam que marcas de beleza inclusivas estão apresentando taxas de crescimento 1,5 vez mais rápidas do que marcas menos inclusivas, indicando uma forte preferência do mercado por diversidade e inclusão. Essas marcas deixaram de ser marcas promocionais e se tornaram pilares essenciais da mudança estrutural nos setores de beleza, moda e cosméticos. Embora a representação de diferentes tons de pele, tamanhos e gêneros tenha ganhado espaço na última década, novas tendências emergentes vão muito além do convencional. Estamos caminhando para um futuro em que a neurodivergência, a personalização molecular, a estética cyborg e a inclusão multissensorial redefinirão o que significa ser verdadeiramente inclusivo. A seguir, analisamos algumas das tendências mais interessantes em nosso setor.

 

Neurodiversidade no design de produtos e experiências: Uma das tendências mais disruptivas em 2025 é o surgimento de produtos projetados para pessoas neurodivergentes, ou seja, pessoas que podem ter autismo, TDAH, dislexia ou hipersensibilidade sensorial. De acordo com um artigo de abril de 2025 na Vogue, marcas de luxo estão desenvolvendo linhas de cosméticos com fórmulas sem fragrância, aplicadores com estímulos táteis muito suaves e texturas especialmente projetadas para evitar sobrecarga sensorial. Também veremos essa tendência na experiência de compra, com ambientes silenciosos, lojas físicas com iluminação não intrusiva e aplicativos com navegação simplificada. O design inclusivo não se limita mais à acessibilidade física, mas se estende ao mundo cognitivo e emocional.

 

Diversidade bioquímica: Há alguns anos, vivenciamos o boom da maquiagem sem gênero. Agora, a tendência é por cosméticos desenvolvidos especificamente para diversos perfis hormonais. De acordo com uma edição recente de maio de 2025 da revista Business of Fashion, as marcas estão lançando produtos adaptados às variações hormonais presentes em pessoas transgênero e não binárias, o que exige uma compreensão profunda do contexto e das necessidades bioquímicas da pele nesses casos.

 

Inclusão multissensorial – textura, som e acessibilidade sensorial: A beleza multissensorial representa uma enorme oportunidade de inovação em nosso setor. Uma publicação recente da Allure indica que os cosméticos do futuro não só terão boa aparência, mas também serão projetados para gerar sensações táteis e sonoras adaptadas a diferentes sensibilidades. Estamos vendo exemplos muito interessantes no mercado, como batons com vibrações de baixa frequência para pessoas com hipoestesia ou pincéis que geram um zumbido tátil para guiar pessoas com deficiência visual. Até paletas de sombras estão sendo criadas que emitem sons ao toque, ajudando a identificar tons através da audição.

 

Esteticismo cyborg e inclusão transumanista: À margem da inclusão, tendências estão se desenvolvendo, que podem parecer bizarras, mas estão ganhando adeptos em comunidades diversas, como a queer e a transumanista. De acordo com uma publicação da Vogue de abril deste ano, designers como Hyeon Lim, na Coreia do Sul, e coletivos como MetaFlesh, em Berlim, estão explorando maquiagens projetadas para próteses robóticas, pele artificial ou superfícies eletrônicas. No mercado, observamos a fusão de tecnologias de outras indústrias com a cosmética, como a integração de circuitos de LED, microdispositivos que reagem a emoções e maquiagem ativada pela temperatura corporal para criar novos conceitos cosméticos.

 

Dandismo preto: Resgate Estético e Cultural. O dandismo preto ressurgiu como uma poderosa expressão de identidade e resistência cultural. Esse movimento, que combina elegância clássica com a autoafirmação da negritude, foi o tema central do Met Gala de 2025, intitulado “Superfine: Tailoring Black Style”. Designers e artistas reinterpretaram essa estética, destacando a importância da representatividade e da diversidade na moda contemporânea. Essa tendência está inspirando novos conceitos cosméticos.

 

Cosméticos de transição: Uma tendência emergente, mas profundamente relevante, é a de produtos que acompanham os processos de transição, não apenas as transições de gênero, mas também as transições climáticas e etárias. A indústria cosmética enfrenta um enorme desafio: elucidar os principais mecanismos bioquímicos e fisiológicos nesses processos de transição. Certamente veremos o lançamento de tecnologias com conceitos alinhados a essa tendência em feiras futuras, como a In-Cosmetics. Também veremos publicações científicas sobre novos mecanismos bioquímicos e o papel que eles desempenham nos processos de transição.

 

Cosméticos adaptativos para diversidade funcional: Com a evolução da robótica assistiva e da bioengenharia, algumas marcas estão criando produtos de maquiagem e cuidados pessoais projetados especificamente para pessoas com paralisia, distrofia muscular ou amputações. Isso inclui embalagens adaptáveis ​​que abrem com uma mão, fórmulas duradouras que resistem a próteses ou atrito mecânico e sistemas de aplicação automatizados. O foco está em maximizar a autonomia e a dignidade do consumidor.

 

Personalização biométrica: Novos dispositivos estão no mercado que analisam instantaneamente pH, umidade, níveis de sebo e microbioma, permitindo que os consumidores recebam um produto hiperpersonalizado em tempo recorde. Há também novas impressoras 3D de maquiagem para uso doméstico, capazes de gerar produtos com níveis precisos de cobertura, textura e pigmentação, com base nas preferências de cada usuário, independentemente da cor da pele, sexo ou condição médica.

 

Rainbow washing: É uma prática na qual empresas ou marcas usam as cores ou símbolos do orgulho LGBTIQ+ (arco-íris) superficialmente e sem um compromisso real com a comunidade. É uma estratégia de marketing para parecer inclusiva e progressista, mas geralmente não é acompanhada por ações ou políticas internas que apoiem a diversidade e a inclusão. A indústria de cosméticos pode ser considerada uma das mais inclusivas do mundo, e as empresas devem planejar cuidadosamente suas estratégias para evitar o rainbow washing, pois pode levar à perda de confiança do consumidor e prejudicar a reputação das marcas.

 

Inclusão e consistência: As marcas devem ser genuínas e consistentes em seu apoio à comunidade LGBTQ+ e a outros grupos, não se limitando a campanhas específicas durante o Mês do Orgulho. É essencial que as marcas alcancem a comunidade e entendam suas necessidades e formas de comunicação.

 

Inclusão climática e diversidade geográfica: As mudanças climáticas também estão influenciando a abordagem inclusiva à beleza. Algumas marcas estão desenvolvendo produtos adaptados a condições extremas, como umidade tropical, seca no deserto, altitudes elevadas, entre outras. Isso permite uma verdadeira inclusão geográfica, integrando as necessidades específicas de pessoas que vivem fora dos centros urbanos tradicionais do mercado de cosméticos. Essa tendência dá visibilidade a populações que normalmente não são consideradas no design de produtos.

 

Inclusão Radical: Um artigo interessante do The New York Times, de fevereiro de 2025, indica que algumas empresas estão abandonando os parâmetros tradicionais de “beleza universal” e, em vez disso, estão implementando políticas de inclusão radicais que podem envolver a eliminação de filtros de recrutamento que podem favorecer certas características estéticas, criando campanhas estreladas por pessoas com deformidades faciais, vitiligo, paralisia ou tatuagens visíveis, e oferecendo linhas de maquiagem projetadas para quem se maquia com uma mão ou tem mobilidade limitada, para citar alguns exemplos.

 

A inclusão do amanhã será personalizada, colaborativa, neurodiversa, bioquímica, transumanista, multissensorial e radicalmente plural. Em 2025, novas tendências não apenas expandirão o significado da beleza, mas também transformarão a indústria cosmética em um espaço de inovação ética, empatia radical e representação autêntica. Da neurodiversidade ao design multissensorial, essas tendências não são apenas promessas do futuro; são atos de justiça que remodelam o presente. Marcas que entendem que inclusão não é uma estratégia, mas uma responsabilidade, liderarão uma era em que cada pele, cada corpo e cada história têm um lugar. A beleza é um direito universal.

 

 

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John Jiménez é farmacêutico da Universidade Nacional da Colômbia com um master em desenvolvimento sustentável e estudos de especialização em marketing, ciência cosmética e neuromarketing. Possui 30 publicações em revistas científicas e um capítulo de livro em formulação cosmética. Recebeu os prêmios Maison G. de Navarre (IFSCC USA 2004), Henry Maso Award (IFSCC USA 2016) e melhores trabalhos científicos no Colamiqc Equador 2009, Colamiqc Brasil 2013 e Farmacosmética Colombia 2014. Também foi palestrante em várias conferências internacionais na Europa e na América Latina. Desde 2019, escreve uma coluna de tendências para In-Cosmetics Connect, desde 2013 uma coluna de tendências para Cosmetics & Toiletries Brasil e desde 2020 uma coluna sobre neuromarketing para a Eurocosmetics. Ele também é autor e co-autor de artigos e atuou no Scientific Advisory Board da Cosmetics & Toiletries magazine. Jiménez também atuou como presidente da Accytec Bogotá (2017-2019). Ele ingressou na Belcorp em 2005 e atualmente é Senior Researcher nas categorias de skin care, suncare and personal care. Antes de ingressar na Belcorp, trabalhou nos Laboratórios Esko, Whitehall AH Robins e Fresenius Medical Care na Colômbia.

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