Disrupção já é um termo incorporado para quem atua no desenvolvimento de cosméticos, porém para os profissionais dedicados às novas tecnologias para o mercado de beleza e cuidados pessoais, este é um mindset com presença diária e que permite a criação de sistemas inovadores com o objetivo de revolucionar o mercado.
É neste universo que se inserem as beauty techs, startups que desenvolvem tecnologias aplicadas ao setor de beleza, como, por exemplo, as que utilizam funções de inteligência artificial e realidade aumentada para oferecer experiências e experimentação de produtos cada vez mais efetivas como a possibilidade de conferir os resultados da aplicação de um creme ou maquiagem em espaço digital antes da aquisição.
Mais do que isso, a novidade vem ampliando também o entendimento do cliente na identificação dos itens mais adequados ao estilo, biotipo e, em alguns casos, até sinalizando a ocasião ideal de uso de determinado cosmético em meio a uma variedade de opções disponíveis para atender a todos os públicos, e, com isso, facilitado o trabalho dos consultores de beleza e influenciando as empresas.
Sobre o impacto gerado no mercado, Carolina Habeyche, CEO e cofundadora da Be Beleza Tech, acredita que “o grande diferencial destas plataformas (tecnologias) é que elas inserem o consumidor no centro do negócio ao invés do produto, ou seja, o foco é na necessidade. Sem contar que o público está ávido por experiências digitais que tragam imersões mais sensoriais e resultem efetivamente em conhecimento, seja para escolher sua rotina de beleza, ou de forma mais assertiva os seus produtos e, a partir delas, passar a ter um relacionamento, eu diria até mais saudável, com as marcas e com o próprio conceito de beleza”, explica.
Reflexo deste movimento, a startup brasileira – comandada pela executiva, que é especialista em maquiagem e desenvolvimento de produtos na área de cosméticos, e o sócio Fernando Domingues, expert em inovação – iniciou as operações em julho do ano passado, com 500 usuárias ativas no aplicativo e já contabiliza 100 mil, em apenas dez meses de atuação.
O “The complete guide to beauty tech” (em português: O guia completo para beauty tech) da Perfect’s Corp, publicado em março, também retrata esta tendência de mercado. De acordo com o levantamento, no ano passado, foram realizadas 9 bilhões de experiências virtuais. Além disso, a integração da realidade virtual e da inteligência artificial às plataformas de compras, potencializou os resultados de comercialização, aumentando a confiança dos clientes na compra. Em alguns casos, houve crescimento superior a 100% nas taxas de conversão, aumento de 40% na cesta de compras e redução de 8% na devolução de produtos.
Não é de hoje que as tecnologias têm direcionado as ações de diversos setores, da indústria da moda à alimentação, não apenas pelo fato da Geração Z, pessoas com idades entre 20 e 30 anos, consideradas nativas digitais, fazer uso das plataformas para compras, como também pelo aumento de utilização das ferramentas virtuais por diferentes faixas etárias, principalmente nos últimos dois anos.
Divulgado recentemente, o relatório 10 Principais Tendências Globais de Consumo 2022, da Euromonitor, por exemplo, aponta que 23% dos consumidores entrevistados com mais de 60 anos, no quesito que mede a confiança nas tecnologias, sentiram-se confortáveis em utilizar serviços de empresas que usam softwares de reconhecimento facial para personalizar interações.
Além da experimentação
Entre as soluções apresentadas, com a proposta de unir os elos da cadeia – empresa, produto, consumidor – as beauty techs exercem um papel estratégico no mercado ao possibilitar também a criação de banco de dados para sugestões de produtos e conteúdos de acordo com cada usuário. “O consumidor está se digitalizando cada vez mais e as marcas também começaram a prestar atenção nesse processo e passaram a estar mais abertas aos dados para tomada de decisões. Já as consultoras de beleza, que são outra ponta desse ecossistema, também estão procurando se digitalizar e terem seus portfólios disponíveis on-line, com suas vitrines virtuais. Isso aumenta a competitividade e é um movimento que cresceu com a pandemia e não tem volta”, analisa Habeyche.
Diante disso, outras vantagens são o aumento da segurança, principalmente no cenário de distanciamento social, devido a não necessidade do toque para experimentação de um produto, e também a redução no descarte de materiais, tornando as experiências mais sustentáveis. Com a disponibilização da tecnologia em aplicativos e sites, é possível também estender o atendimento personalizado aos consumidores de outras regiões do país, além do Sudeste e Sul, locais em que há maior concentração de beauty techs, segundo aponta a executiva.
Mercado nacional
É fato que o reconhecimento facial, a inteligência artificial e a realidade aumentada têm refletido nas oportunidades de negócios no Brasil. O país é o considerado o quarto mais importante no ranking de beleza e cuidados pessoais, contabilizando US$ 23.738 bilhões, e o terceiro que mais lança produtos anualmente, atrás dos EUA e China, respectivamente, conforme aponta o Panorama do Setor, relatório publicado em abril, pela Associação Brasileira Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) e compreende análise de mercado nacional correspondente aos 2020 e 2021. Habeyche conta que neste ano, a empresa recebeu o investimento-anjo de R$ 1 milhão para o desenvolvimento de tecnologias e que os brasileiros têm buscado, com mais frequência, essas ferramentas como fator decisivo para a compra.
“O consumidor está usando cada vez mais os recursos de tecnologia e informação para fazer sua compra, substituindo aquele movimento que a gente via muito forte de lançamentos em cima de lançamentos e da compra por impulso feita pelos consumidores. Com os dispositivos digitais vêm também um empoderamento maior que reflete na decisão de compra mais consciente e assertiva, sendo benéfico para todos os elos da cadeia. As marcas conseguem fidelizar melhor os clientes quando o produto realmente faz sentido para eles, gera recompra, aumento de LTV (Lifetime value, ou seja, lucro médio que um cliente gera para a empresa), enfim é bom para todos”, finaliza Habeyche.
A tendência é que novas ferramentas virtuais despontem e o mercado ofereça soluções cada vez mais personalizadas. Cabem aos desenvolvedores, marcas e consultoras de belezas acompanharem as inovações para manterem relevantes os seus modelos de negócios.
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