Entrevista: Sandrine Briatte, da canadense Terlys, fala sobre sustentabilidade no setor

Entrevista: Sandrine Briatte, da canadense Terlys, fala sobre sustentabilidade no setor

Consumidores mais preocupados com questões ambientais estão atentos ao que compram e aos processos de produção das empresas. Os valores de sustentabilidade e de economia circular ganham cada vez mais impulso na indústria de beleza e cuidados pessoais e as empresas do setor têm se movimentado para a criação de políticas que atendam as novas demandas.

O in-cosmetics Connect conversou com Sandrine Briatte, vice-presidente de desenvolvimento de negócios e assuntos regulatórios da canadense Terlys. Na entrevista exclusiva, a executiva abordou temas como alinhamento entre discurso e prática, fortalecimento da cadeia produtiva e do potencial de mercado da América Latina, além das expectativas para a próxima edição da in-cosmetics Latin America. Confira:

in-cosmetics Connect – Os consumidores estão mais atentos aos valores sustentáveis das empresas. Como isso tem transformado a atuação das empresas de cosméticos?

Sandrine Briatte – Por mais que o conceito de sustentabilidade já tenha sido visto como uma tendência a ser seguida somente por empresas comprometidas, ele se tornou prioridade para todo negócio sério. A demanda de produtos voltados para a preservação do meio ambiente tem evoluído nos últimos anos. Hoje, a maioria das empresas oferece produtos que atendem essa tendência. A indústria de cosméticos teve que repensar seus métodos de produção (processos, pesquisa de matéria-prima, embalagem, etc.) como forma de oferecer respostas mais assertivas à crescente expectativa dos consumidores, relativos aos valores de sustentabilidade. Desde o início das nossas operações, nós da Terlys temos nos baseados nos valores de sustentabilidade como um guia em todos os nossos processos.

IC – Neste sentido, como é conciliar discurso e prática, diante dos desafios de mercado?

SBTransparência está no centro dos valores de sustentabilidade e significa que as ações tomadas pelas empresas possam ser constatadas pelos consumidores.

Infelizmente, as empresas menores que dependem unicamente do seu know-how e propriedade intelectual podem estar em risco, já que informações pertencentes aos processos de preservação do ambiente são sensíveis e podem ser facilmente copiadas pelos concorrentes.

IC – Com a ascensão das indie brands e o trabalho das grandes empresas de cosméticos, vocês acreditam que o setor pode ser um dos mais sustentáveis no futuro?

SB – As expectativas dos consumidores na proteção do meio ambiente promovem mudanças no desenvolvimento de produtos. O design de produtos que são mais sustentáveis se tornou obrigação nos negócios e a tendência verde está solidamente estabelecida. É nosso dever como empresa seguir esta tendência para tornar a indústria de beleza uma das mais sustentáveis. O setor de cosméticos pode, de fato, se tornar um dos mais sustentáveis.

IC – Na sua opinião, de que forma as novas políticas (como a ESG) e os novos consumidores, contribuem para o crescimento dos produtos veganos?

SB – Algumas categorias ainda são nichos, mas o interesse do consumidor por elas está crescendo, exemplo produtos veganos, produtos de anidro (produtos que não levam água na composição). É totalmente possível que surjam novas categorias nos próximos anos. Atualmente, produtos anidros estão em ascensão para apoiar o conceito do “sem embalagem” e para diminuir o uso de água. Não ficaríamos surpresos em ver outras categorias surgirem por pressões ambientais, sociais e governamentais.

IC – Como a Terlys analisa o mercado latino americano e de que forma a ação pauta iniciativas da empresa? Pode citar um exemplo?

SB – A rotina de beleza dos latinos está extremamente vinculada aos cuidados pessoais, inclusive em outras categorias como coloração de cabelos e maquiagem, à medida que os consumidores estão procurando meios acessíveis para o bem-estar e manutenção da autoestima nestes tempos difíceis. A principal conclusão é que a ciência, o bem-estar e a sustentabilidade irão impulsionar o mercado Latino Americano num futuro próximo. Tendo isto em mente, a Terlys tem apostado no desenvolvimento de ingredientes ecoresponsáveis, eficazes, e seguros, e seguindo a tendência clean-label (rótulos limpos – embalagens mais claras com relação aos ingredientes usados). Um bom exemplo é o Nixalin, porque oferece cuidados de restauração da pele oferecendo hidratação e brilho, tudo com evidências científicas comprovadas e métodos sustentáveis.

IC – Brasil e Canadá são países com grandes territórios naturais. Com base nisso, aliado aos perfis dos consumidores, os países podem se tornar protagonistas em sustentabilidade e economia circular? Como?

SB – O Canadá começou a implementar ações de sustentabilidade para a preservação das florestas há bastante tempo. Na verdade, a extração acontece em conformidade com o Forest Territory Sustainable Development Act, que é a base da nova política de gerenciamento florestal de Quebec desde 2013. O acordo é considerado um dos mais rígidos do mundo, com os mais exigentes padrões de práticas florestais e  a nossa rede de indústrias florestais está comprometida com ele. Isto estimulou a criação e desenvolvimento de um sistema sustentável com a renovação de recursos naturais, garantindo a viabilidade das operações a longo prazo em Quebec.

Quanto ao Brasil, cada vez mais as marcas estão desenvolvendo cosméticos sem adição de plásticos ou ingredientes nocivos na formulação de produtos, preservando rios e oceanos. Nosso ingrediente Nixalin se encaixa bem nesta tendência, pois possui molécula ativa de lipofílico e pode ser adicionado a produtos anidros (sem água na formulação).

Portanto, Brasil e Canadá podem e devem se tornar líderes em sustentabilidade e economia circular. Devemos continuar aprendendo e melhorando a maneira como cuidamos do meio ambiente todos os dias e usar nossa influência para direcionar cada vez mais nossas políticas públicas em uma direção mais ecológica.

IC – Na sua visão, além da questão de consciência, de que forma a economia circular representa um fortalecimento da cadeia produtiva?

SB – Economia circular é um verdadeiro trampolim para a responsabilidade ecológica. É um valor fundamental para a Terlys porque toda nossa matéria-prima vem da nossa indústria local. Uma vez que nossos subprodutos são clean (limpos), eles são  reutilizados em outros setores como horticultura e bioenergia. É seguro dizer que, para nós, isso significa preservar nosso meio ambiente enquanto ajudamos e estimulamos os negócios locais no desenvolvimento de valores sustentáveis. Este é um grande caminho para ajudar as cadeias produtivas a reduzirem custos e melhorar a prática sustentável.

IC – Neste ano, a Terlys participa da in-cosmetics Latin America. Como você avalia o papel da feira no sentido de conexão com a inovação, evolução e mudanças de mercado?

SB – Este será nosso primeiro contato da Terlys com o mercado Latino Americano. Temos certeza que vamos nos reunir com importantes stakeholders no mercado e que vamos procurar um distribuidor local bem estabelecido e clientes em potencial. A in-comestics da América Latina é um evento maravilhoso para abrir novos territórios de negócios.

IC – Você pode adiantar o que a empresa pretende apresentar na feira que acontece no Brasil?

SB – Queremos aproveitar a oportunidade para apresentar nosso novo ingrediente dermocosmético. Será uma estreia mundial e estamos muito ansiosos para mostrá-lo a todos. Ele será fruto da nossa economia circular e se encaixará em nossos valores de sustentabilidade e eco-responsabilidade. Não percam!


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