Cosméticos com DNA

A indústria de cosméticos investe fortemente em inovação. Trata-se de um mercado dinâmico, em que os consumidores estão sempre ávidos por novidades.

Nos últimos anos, uma nova classe de produtos para o cuidado da pele foi lançada com um apelo de customização baseada em análise genética. 

O sequenciamento genético resultante do Projeto Genoma Humano, encerrado em 2003, proporcionou um melhor conhecimento sobre a ordem como os genes estão combinados no genoma (pares de cromossomos) e, portanto, sobre as características hereditárias dos indivíduos. 

No futuro, o sequenciamento dos genomas possibilitará a realização de estudos para fazer diagnósticos e prognósticos de doenças com precisão ainda maior e, consequentemente, o desenvolvimento de tratamentos individualizados. 

Há pouco mais de 10 anos, o sequenciamento dos genomas era objeto de pesquisa avançada a um custo de milhões de dólares. Hoje, graças aos avanços da tecnologia e com o desenvolvimento de novas metodologias, esses testes podem ser feitos por menos de mil dólares. 

Na medicina, a genética já aponta caminhos para tratamentos mais direcionados e eficazes. Investimentos têm sido feitos no sequenciamento genético de pacientes com câncer e com outras doenças. 

Paralelamente, ganha força o desenvolvimento da farmacogenética ou farmacogenômica, que consiste no estudo dos fatores genéticos que podem interferir nos efeitos dos medicamentos. O mapeamento genético permite determinar a dose ótima de medicamento para um paciente, a qual poderá ser ineficaz para outro paciente com o mesmo diagnóstico. Nesse contexto, surge a nutrigenômica, uma área da ciência que estuda como os alimentos são capazes de interferir na atuação dos genes. Como resultado de estudos da nutrigenômica, concluiu-se que vegetais como brócolis e couve-flor apresentam um componente capaz de estimular genes carcinogênicos. 

Na dermatologia, cada vez mais está sendo frequente a personalização das prescrições baseadas em estudos genéticos. Com isso, é possível direcionar essas prescrições tanto para o tratamento de patologias como também para atenuar as consequências do envelhecimento da pele. O dermatologista prescreve ativos específicos para compensar determinadas características (“deficiências”) genéticas do paciente. 

Baseado nessa premissa, em 2002, a companhia norte-americana Lab 21 lançou o DNA Face Cream, o primeiro produto manipulado de forma personalizada, baseado em uma amostra do DNA do usuário (retirada da mucosa da bochecha). 

Em 2012, a Skingen, uma unidade de negócios do Grupo O Boticário, passou a disponibilizar essa opção de manipulação customizada aos dermatologistas brasileiros. A Skingen Lab é a unidade responsável por avaliar o RNA (que contém informações do DNA), e a Skigen Pharma manipula os produtos. 

A indústria cosmética também entrou nessa nova era com as células-tronco vegetais compatíveis com células-troncos da pele, lançadas em 2008. As células-tronco são capazes de se transformar (diferenciar) em qualquer célula especializada do corpo e de se renovar por meio da divisão celular, mesmo após longos períodos de inatividade, e são induzidas a formar células de tecidos e de órgãos com funções especiais. Estudos realizados na Europa e nos Estados Unidos indicaram a eficácia dessas células-tronco vegetais nos tratamentos cutâneos de atenuação das consequências do envelhecimento. Esses ativos atuam principalmente no restabelecimento da capacidade de reconstrução e manutenção do equilíbrio celular, além de agir nos efeitos da radiação solar, da desidratação e na replicação celular. Tudo isso com o objetivo de rejuvenescer a pele. 

Com os avanços tecnológicos, é de se prever que os cosméticos do futuro irão trazer muito mais benefícios do que simplesmente limpar, proteger e perfumar a pele. 

Hamilton dos Santos é Publisher da revista Cosmetics & Toiletries Brasilhttp://www.cosmeticsonline.com.br/

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